CRISE FINANCEIRA MUNDIAL

Posted: 19 Oct 2011 08:47 AM PDT
OBS: Em breve vai ser isso no mundo todo, as pessoas não estão preparadas. E ainda tem gente que diz que está tudo normal com o mundo.


Voluntários atendem vítimas da crise financeira no centro de prevenção ao suicídio Klimaka
Dias atrás, cedo pela manhã, George Barcouris sentou-se em frente ao computador em seu apartamento em Atenas, na Grécia, e digitou a palavra “suicídio” no site de buscas Google.
Aos 60 anos de idade, sem trabalho, ele estava certo de que jamais conseguiria um novo emprego em um país onde o índice de desemprego chegou a 17% e continua crescendo.

Sem a ajuda de parentes ou amigos, seria apenas uma questão de tempo até que o proprietário do apartamento o despejasse por causa do atraso no aluguel – imaginava Barcouris.
“Era pior durante a noite”, disse.
“Comecei a pensar, que futuro eu tenho? Seria melhor morrer durante o sono. Mas nunca aconteceu, então comecei a pensar em me matar”.
Foi depois de uma noite como essa que ele decidiu procurar na internet por uma maneira fácil de dar fim à sua vida.
No entanto, o primeiro resultado que a busca lhe trouxe foi o número da Klimaka.
O desespero da falência fez subir o número de suicídios na Grécia desde o início de 2011.
entidade grega de prevenção ao suicídio Klimaka.
Voluntários da ONG dizem estar respondendo quatro vezes mais chamadas desde que a crise começou, com o maior aumento tendo sido registrado neste ano.
Muitos dos que procuram a entidade citam a insegurança econômica como a principal causa de sua aflição.
Estigma
No mês passado, o ministro da Saúde da Grécia, Andreas Loverdos, disse que o número de suicídios no país pode ter subido 40% nos primeiros meses de 2011.
“Na realidade, é bem provável que os índices sejam bem mais altos”, disse a psicóloga Eleni Bekiari, que trabalha para Klimaka.
Ela explicou que o estigma em torno do suicídio na Grécia é fortíssimo e que o problema é acentuado pela recusa da Igreja Ortodoxa grega em realizar cerimônias fúnebres para os suicidas.
“Muitos dos que nos telefonam dizem que planejam dirigir seus carros do topo de um penhasco ou contra uma rocha para que tudo pareça um acidente. Dessa forma, suas famílias e a comunidade nunca saberão que foi suicídio”, disse Bakiari.
Para outros, a pressão é grande demais e sua angústia mental torna-se pública.
Como no caso do empresário Apostolos Polyzonis, da cidade de Thessaloniki, que na semana passada ateou fogo a si mesmo em frente a uma agência bancária.
O banco pediu de volta o empréstimo que havia dado à sua empresa, deixando-o falido e sem um centavo.
Incapaz de continuar pagando pelo curso universitário da filha e temendo que sua casa fosse confiscada, Polyzonis foi ao banco implorar por um empréstimo.
“Quando se recusaram a me receber senti um desespero tão grande que perdi o controle”, disse o empresário.

Ele parou em frente ao banco, jogou gasolina sobre seu corpo e ateou fogo a si mesmo.
Polyzonis foi levado ao hospital e recebeu tratamento para queimaduras, mas as piores cicatrizes, ele diz, estão do lado de dentro.
“Meu filho acaba de completar o serviço militar e não consegue encontrar um emprego, minha mulher e eu estamos desempregados e com frequência passamos necessidade”.
“Nós raramente saímos de casa, (isso) destruiu nosso respeito próprio”.
“Mas não estou sozinho, milhões de gregos estão sofrendo por que alguns milhares de ladrões saquearam o país com sua corrupção”, disse Polyzonis.
Cartas Suicidas
Não são apenas os desempregados que estão sofrendo, empresas de sucesso também estão sentindo o impacto da crise econômica.
Veja o exemplo da empresa Vitamin Ad, uma bem sucedida agência publicitária com sede em Atenas, que até recentemente estava discutindo uma possível fusão com uma das maiores produtoras da Grécia.
O acordo foi abandonado quando, em meados de setembro, o diretor da empresa, Michael Kriadis, se atirou da varanda do seu escritório, em um quarto andar, deixando mensagens para a família e empregados.
Acredita-se que, no momento em que Kriadis morreu, Vitamin Ad tinha dívidas de cerca de 400 mil euros (US$ 976 mil). Os clientes da empresa, no entanto, deviam à agência quase 5 milhões de euros (US$ 12 milhões).
“Michael nunca fazia empréstimos pessoais, sempre pagava seus impostos em dia”, disse seu amigo, o jornalista Costas Cavathas.
“Ultimamente, homens de negócios estão se sentindo realmente desesperados. Quatro em Creta, outro em Kalamata e um outro em Esparta cometeram suicídio porque não podiam pagar suas dívidas, todo mundo está no limite”, disse o jornalista.
A pressão sobre os que gerenciam empresas na Grécia é enorme porque mesmo que as empresas sejam bem-sucedidas, meses podem se passar sem que haja qualquer entrada de receita.
Nos últimos anos, foi sendo criado um sistema pelo qual pagamentos são adiados com o uso de cheques pré-datados.
Basta que o número de cheques pré-datados devolvidos por falta de fundos ultrapasse um certo limite para que uma empresa se veja incapaz de cobrir sua folha de pagamentos ou pagar seus empréstimos.

Exclusão Social
“Sei que existem milhares na Grécia passando por experiências semelhantes à minha e quero dizer que nossos problemas são sociais, não mentais.”
George Barcouris, voluntário na estação de rádio da ONG Klimaka
“A Grécia costumava ter o menor índice de suicídios da Europa”, disse Bakiari, da ONG de prevenção ao suicídio Klimaka.
“O peso da crise é simplesmente maior do que a capacidade desta sociedade de sustentá-lo, o que esse país realmente precisa é de um plano nacional para a prevenção de suicídios com mais serviços do que temos no momento”.
Mas o governo grego, com o cinto apertado, não ofereceu qualquer ajuda financeira adicional à Klimaka. E apesar do aumento na demanda por serviços desse tipo, há poucas chances de que novas políticas de saúde sejam implementadas em um período de cortes tão drásticos.
No escritório da Klimaka, George Barcouris recebeu uma proposta que salvou sua vida: ele foi convidado a trabalhar voluntariamente na estação de rádio da entidade, cujas transmissões abordam temas como depressão e exclusão social.
A Klimaka também prometeu ajudá-lo a resolver seu problema de moradia.
Ele sorri pela primeira vez ao dizer que agora tem uma razão para sair de casa pela manhã. E conta que agora se sente uma outra pessoa: útil, um membro da sociedade novamente.
“Sei que existem milhares na Grécia passando por experiências semelhantes à minha e quero dizer que nossos problemas são sociais, não mentais”, diz.

Greve geral na Grécia é ápice de situação que está se tornando revolucionária
19/10/2011 12:16,  Stamatis Karagiannopoulos, com Marxist.com- de Atenas
A situação na Grécia está se tornando mais e mais revolucionária a cada dia que passa. O país foi paralisado por uma onda de greves centradas no setor público e empresas estatais. E esta semana a situação irá aprofundar-se.
Manifestante grego lança bomba contra a polícia, no primeiro dia da greve geral de 48 horas, em Atenas

Esta é a resposta que os trabalhadores dão na tentativa de livrarem-se dos terríveis ataques do governo. Esta onda de greves foi antecipada pelo movimento de ocupação em massa nas universidades e escolas em setembro, o que provou mais uma vez que a juventude é um barômetro sensível da luta de classes.
Nós estamos vendo mobilizações naqueles locais de trabalho onde temos os sindicatos mais poderosos da classe trabalhadora grega. Os trabalhadores do transporte, dos portos, da eletricidade, trabalhadores dos governos municipais, dos ministérios, hospitais, da educação, das repartições fiscais, e dos sítios arqueológicos decidiram todos fazerem greve e estão também ocupando prédios governamentais um atrás do outro.
Pela primeira vez os trabalhadores destes setores têm o apoio da maioria esmagadora dos trabalhadores desempregados e trabalhadores do setor privado. A percepção do passado de que os trabalhadores destes setores, ou seja, funcionários públicos eram privilegiados, não existe mais entre os trabalhadores do setor privado porque é precisamente este setor que se encontra no alvo recebendo os mais duros ataques, com demissões em massa e grandes cortes de até 50% em seus salários. A linha que dividia e separava os trabalhadores públicos e privados não existe mais e isso é resultante do ataque brutal realizado pelo governo.
Agora, também no setor privado, nós temos um enorme ataque do governo, com a mesma nova lei exigida pela troika (equipe constituída por responsáveis da BCU, UE e FMI que negociaram as condições de resgate financeiro na Grécia, na Irlanda e em Portugal) e apresentada ao Parlamento na última semana,  a qual visa reduzir ao máximo o salário mínimo (de 750 euros para 550 euros) removendo o Acordo Coletivo Geral Nacional e todos os acordos coletivos setoriais. Na verdade, a lei de fato retira o papel oficial dos sindicatos “até a crise acabar”.
O resultado de tudo isso é que a atmosfera entre os trabalhadores tem se tornado mais militante que nunca. Nesse momento o que se destaca claramente é a determinação para lutar até o fim. Ativistas e líderes sindicais estão dizendo abertamente à mídia que as greves são políticas. Um líder sindicalista dos condutores e cobradores de ônibus, na sexta-feira passada em um famoso programa de TV, disse que: “nós vamos continuar as greves até derrubar o governo. Nós queremos acabar com essa gangue!”.
Os mais militantes são os coletores de lixo que estão em greve nos últimos dez dias e têm feito ocupações nos depósitos de lixo. Ontem o governo enviou as Forças Especiais da Polícia para aterrorizar os grevistas, mas eles se recusaram a acabar com a ocupação. Eles afirmaram que se o governo não voltar atrás, isso levaria ao “derramamento de sangue”. O governo então passou a conceder a coleta de lixo para empresas privadas, que, no entanto, são incapazes de recolher o lixo das ruas porque recebem constantes ataques e insultos de pessoas comuns que gritam a eles: “traidores”. Este incidente expressa muito claramente a solidez do apoio para com os grevistas da parte da maioria do povo grego.
O clima que está se amadurecendo entre a classe trabalhadora está indo mais além da greve geral de 48 horas, iniciada nesta quarta. A ideia de que é preciso fazer uma greve total e política geral está tomando conta das cabeças de muitos trabalhadores.
Esta situação está colocando enorme pressão sobre o governo do PASOK, que agora está bem mais fraco do que esteve durante o verão. O grupo parlamentar do PASOK – no qual muitos estão vendo que se eles continuam a apoiar abertamente a austeridade, seus assentos no parlamento estarão em risco – está sob imensa pressão dos sindicatos e trabalhadores em geral. Um deputado do partido socialista PASOK já disse que pretendia votar contra a nova lei e outro ameaçou renunciar. Isso arriscaria reduzir a maioria parlamentar de Papandreou (primeiro Ministro) a níveis insuportáveis. O PASOK tem 154 deputados em um parlamento de 300 membros.
A perda do apoio popular do PASOK está também sendo refletida dentro dos sindicatos. O PASOK tem suas próprias facções – conhecidas como PASKE – dentro dos sindicatos. Neste ano, no sindicato dos trabalhadores municipais e sindicato dos professores, o PASKE já rachou com o PASOK. Na semana passada o PASKE do sindicato dos ferroviários anunciou que estava rompendo com o PASOK. Estamos também testemunhando em toda a Grécia uma onda de indignação no partido, entre muitos dos seus quadros no PASOK.
O cerco ao prédio do Parlamento, organizado por uma facção da liderança stalinista do KKE dentro dos sindicatos tem caráter muito menos espontâneo, desorganizado e amador do que os protestos de junho. Ele foi organizado com a participação dos “batalhões pesados” da classe trabalhadora, os trabalhadores da construção, dos estaleiros navais, etc. Isso significa que o conflito agora envolve um número muito maior e também muito mais organizado de trabalhadores.
A greve geral marca outra virada na situação na Grécia. É a expressão da intensa raiva que foi gerada no seio dos trabalhadores e da juventude em toda a Grécia, que não estava preparada para segurar todos os ataques que estão por vir. A luta de classes, em níveis sem precedentes, está sendo preparada na Grécia e aí será jogado o futuro de toda a Europa.

Fonte: Correio do Brasil
Por: Nancy Assis Ramos Fernandes

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